sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Eu mesma

Você sabe que a sua vida mudou quando prefere estar numa sexta a noite em casa, tomando um bom vinho na companhia do seu melhor cobertor e iniciando uma nova série que você vai se viciar.

Você sabe que a sua vida mudou quando esta cena acima não é uma constante, oras. Você sabe se divertir, tem amigas com quem sai pra jantar e dar muitas risadas, ou alguém bacana pra te levar no cinema. E mesmo assim, existem noites de sexta que são deliciosas simplesmente por terem a perspectiva da quietude da combinação vinho + cobertor + seriado.

Eu venho dizendo que este ano de 2014 tem sido um dos mais difíceis da minha vida.
Tá certo que anos pares nunca foram bons pra mim. Me dou muito melhor nos ímpares. Talvez seja por isso que 2015 tenha tão boas expectativas nos ombros.
Mas não posso me queixar de 2014.
Ele me trouxe dificuldades que me tomaram por completo e me ensinaram um absurdo.

Está sendo um ano de consciências profundas, modificações comportamentais e estruturais da minha forma de amar; seja em relação a vida, ao trabalho, a família ou ao meu próprio coração; e definições concretas sobre eu mesma.
Parece pesado e doloroso. E é.
Tem sido cansativo, penoso, angustiante. Mas também está sendo gratificante, libertador e surpreendente.
Eu nunca fui tão sincera.

Acho que tem a ver com essa coisa que sempre tinha ouvido falar dos 30.
Desse momento verdadeiro e único de se "trintar".
Tudo bem que já estou batendo na porta do 31, mas eu percebo que nunca fui mais livre, espontânea e verdadeira.
Mais convicta, feliz e honesta. Comigo, com eles e com você.

AH, eu nunca fui mulher de poucas palavras, de superficialidades ou de incertezas, mas se antes nunca consegui definir algo em mim em uma única palavra, hoje eu tenho certeza daquela que me define.
E ela é deliciosamente real.
Hoje posso dizer que sou uma mulher AUTÊNTICA.

Sou honesta com meus sentimentos, verdadeira com meus pensamentos e autêntica nas minhas ações.
Sou meu espelho mais nítido, sou a mais crítica das minhas versões, tenho noção de presença na minha vida e na dos outros. E isso vem se transformando na paz que sempre almejei.

2014 veio curar com fogo meus maiores medos, minhas maiores feridas. Veio com lições amargas que me fazem crescer espantosamente rápido, como se não houvesse tempo e espaço para vacilar. E ainda vem com uma placa dizendo: Isso é só o começo.

Porque não há valor maior na autenticidade, do que ser humilde e resiliente. paciente e compreensivo.
Preciso viver diariamente a lição da fé. E não é fácil. Mas é infinitamente mais recompensador.
Hoje me permito parar de pensar e racionalizar o tempo todo. Parar de sofrer e sentir o tempo todo. Hoje, me permito viver cada dia com suas peculiaridades. Com sua honestidade.

Por isso, nada me dá mais prazer nesta sexta a noite que sentar no meu aconchegante sofá, tomar uma taça de vinho e assistir meu seriado favorito. Na companhia que mais gosto. Eu mesma.



quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Carta ao amor da minha vida.

De verdade, meu bem, eu não acredito que você exista. Mas cheguei à conclusão de que, se não for por amor, que seja por você.


Que eu te encontre num dia ensolarado, nublado, chuvoso, com névoa e te diga alguma coisa. Que eu te reconheça no momento exato em que puser meus olhos em você. E que você saiba que houve um encontro ali. Que você esteja vestido de vermelho, amarelo, azul, verde, preto e branco. Que você me ache divertida, pelo menos. Quem sabe tímida, quem sabe boba demais, quem sabe charmosa, quem sabe eu nem te chame a atenção.
Mas que você me veja com bons olhos e eles encontrem os meus. Que eu acerte a cor dos seus olhos numa brincadeira qualquer. E que aí você perceba o quanto eu te enxergo em tão pouco tempo. Que você seja amigo de algum amigo, ou o gerente do banco, ou o vizinho de prédio, ou a menino bonito daquele churrasco, ou filho da amiga da minha mãe. Que você se encante comigo de alguma maneira.
Que você se permita me conhecer melhor e saber que eu sou legal, ou que sou interessante, ou que não tenho nada a acrescentar a você, ou que eu sou uma completa egocêntrica, ou que eu tenho um blog bacana que fala dessas coisas bonitas que as pessoas acreditam. Mas que você não seja um ponto final. Que seja as aspas, as reticências, o parágrafo, o travessão. Que você seja.

Que você saiba como eu sou complicada, ou que eu sou desajeitada, ou que eu sei dançar muito bem, ou que eu queimo o arroz quando invento de cozinhar, ou que eu detesto o cheiro de queijo ralado. Mas que você decida ficar e me conhecer mais, seja por curiosidade ou porque acha que pode se encontrar no meio da minha bagunça.
Que a gente se conheça aos poucos, aos muitos, aos tantos, aos beijos, aos toques, aos olhares, aos filmes de fim de tarde, aos cheiros de perfume novo, aos dias de dormir de conchinha, aos minutos de ligações intermináveis.
Que você possa contar comigo, possa dormir comigo, possa brigar comigo. Que você não se arrependa naqueles momentos em que a gente questiona o amor, que você tenha orgulho de me mostrar pros seus amigos e que eles tenham inveja de você. Que eu possa te trazer café na cama, te dar um beijo de surpresa, te ver sem roupa, te morder até você ficar sem graça.
Que eu não seja odiada pelos seus pais, que eles não me chamem de filha, que seu irmão torça pro mesmo time que eu. Que você me queira como mãe dos seus filhos, que você se orgulhe de mim, que você esteja lindo quando eu entrar na igreja.

Que eu possa te fazer sonhar. Que eu possa realizar os teus maiores sonhos e te consolar caso alguma coisa dê errado no meio do caminho. Que eu não saia nunca do seu lado, nem quando você pedir. Que os meus dias de TPM sejam lembrados com risadas e justifiquem aqueles quilos a mais que eu ganhar com o brigadeiro.
Que a gente chore bastante. Chore de rir, chore de saudades, chore de alegria. Que eu possa garantir que você não vai se machucar. Que o nosso filho tenha os seus olhos, a sua boca, o seu nariz. Que ele me lembre todos os dias de você. Que a gente caia um pouco na rotina e não mude por isso. Que a gente saia da rotina e se encante com algumas aventuras de vez em quando. Que a gente saiba reconhecer o valor da companhia do outro. Que eu te ame como nunca amei ninguém e que você me modifique da maneira que o seu amor quiser.

Mais importante que isso tudo: que você exista. E que não demore tanto pra chegar ( e ficar) na minha vida.



quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Lost Stars (sobre minha última ida ao cinema)




Please, don't see
Just a boy caught up in dreams
And fantasies

Please, see me
Reaching out for someone
I can't see

Take my hand
Let's see where we wake up tomorrow
Best laid plans
Sometimes are just a one night stand

I'll be damned
Cupid's demanding back it's arrow
So let's get drunk on our tears

And God, tell us the reason
Youth is wasted on the young
It's hunting season
And the lambs are on the run

Searching for meaning
But are we all lost stars
Trying to light up the dark

Who are we?
Just a spack of dust
Within the galaxy?

Woe, is me
If we're not careful
Turns into reality

But don't you dare
Let our best memories bring you sorrow
Yesterday I saw a lion kiss a deer
Turn the page
Maybe we'll find a brand new ending
Where we're dancing in our tears

And God, tell us the reason
Youth is wasted on the young
It's hunting season
And the lambs are on the run

We're searching for meaning
But are we all lost stars
Trying to light up the dark

I thought I saw you out there crying
I thought I heard you call my name
I thought I heard you out there crying
But just the same

And God, give us the reason
Youth is wasted on the young
It's hunting season
And this lamb is on the run

Searching for meaning
But are we all lost stars
Trying to light up the dark

I thought I saw you out there crying
I thought I heard you call my name
I thought I heard you out there crying

But are we all lost stars
Trying to light up the dark

But are we all lost stars
Trying to light up the dark

Link: http://www.vagalume.com.br/mesmo-se-nada-der-certo/lost-stars-adam-levine.html#ixzz3E9QSEt8J

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Sobre a foto

Não.
Não estou me escondendo de ti. Nem de ninguém.
Não estou impedindo você de ver meu sorriso.
Meu sorriso ainda está aqui, no mesmo lugar que você deixou. Com a mesma franqueza e autenticidade de quem se diverte de dentro pra fora.
Você apenas não quer participar dos momentos de riso fácil e sincero.
Você talvez tema pelo encanto.

Também não estou com vergonha.
Não tenho nada que me deixe sem graça ou algo de que me arrependa.
Todas as minhas decisões respeitaram meus sentimentos e me trouxeram ao único lugar a qual pertenço: o agora.
Não tenho medo de onde cheguei e nem quero evitar todos os momentos que brotam das minhas decisões
E esse momentos estão cheios daquele sorriso.

Não. Definitivamente não estou chorando! Chorar faz parte da vida mas neste momento estou em paz.
A gente chora pelo que não tem jeito.
Por aquilo que não tem volta ou saída.
A gente chora pelo que nos escapa do peito e pelo o que a gente sabe que perdeu.

Mas eu não perdi nada.
Não perdi meu sorriso, nem meus medos.
Não perdi minha vergonha nem meu orgulho.
Não chorei.
Eu simplesmente aceitei os resultados (um tanto surpresa é verdade) daquilo que não mais posso decidir.

E essa foto acredite, nada diz além de que cheguei ao meu limite e que posso seguir em paz.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Diferente

Eu não sei porque ainda mantenho o teu toque do celular diferente dos outros contatos....

Você não é mais diferente.

Ouvir aquele som é como fazer meu coração para de bater por uns segundos.
Ouvir o som que tantas vezes me fez sorrir bobamente e por um tempo longo demais e que agora só me faz sentir um solavanco amargo abaixo do umbigo.

Tantas vezes esse som foi a certeza de uma palavra doce, ou de um "eu te amo". As vezes um sorriso de emoticon mesmo daquele jeito envergonhado.

Agora, cada vez, mesmo que raramente, é algo que sei, vai me ferir, vai me entristecer.

Penso que sei lá, as vezes vc pode ter tido um súbito ataque de consideração e resolveu perguntar como eu estou, se tenho ido no médico ou na academia como prometido.
Ou quem sabe, deu saudade de conversar espontaneamente sobre política e eleições, se terminei de ver a quarta temporada  do TWD ou mesmo se qualquer hora a gente pode sair pra tomar um chopp.

Qualquer coisa que não me fizesse esquecer dos últimos meses, ou que não me deixasse me acostumar com tua ausência. Ou talvez alguma coisa, mesmo pequena, pra me convencer que existiu aquilo que a gente viveu e que não foi somente uma lembrança inventada.

Porque a única coisa que me diz; que ainda me diz; que a gente existiu....é esse toque de celular idiota que tornava diferente meu sorriso e mudava meu dia.

Mas no final....você não é diferente.
Ou fui eu que não fiz diferença.

domingo, 21 de setembro de 2014

Tudo vai dar certo

Neste fim de semana fiz algo bem corajoso.
Eu achei corajoso porque desafiei minhas próprias opiniões sobre o amor romântico dos filmes holywoodianos.

Se você não sabe a minha opinião, te digo que era basicamente pensar que essas histórias contadas em filmes acabam por estragar, mascarar e indefinir nossas idéias de amor, iludindo o espectador e o levando a achar que o amor é fácil, que toda a história de amor vai ter final feliz etc, etc, etc...

Como pessoa descrente do romance que sou, achava tudo uma grande mentira pra vender ingressos de cinema ou locações de DVD. ACHAVA.

Na sexta feira, depois de passar meu dia em casa, depois de passar uma semana reclusa, curtindo meus pensamentos e minha mais recente solidão, depois de pensar, pensar e pensar sobre meus sentimentos por um certo alguém, decidi abrir um vinho e assistir tudo que o Netflix tinha em seu catálogo de comédias românticas/romance.

E assim foi. Um, três, cinco filmes. Perdi a conta na verdade. Assisti muitas formas de se falar de amor.
Eu vi muitos personagens confusos, iludidos, sonhadores. Vi os corajosos, os medrosos e os apaixonados. Vi as coisas darem certo no final. Mas vi elas darem certo sem que necessariamente o casal principal tenha ficado junto.

Opa! Pára aí. Eles se amavam mas não terminaram juntos?
Aham.

E olha que legal. Teve um pouco de verdade, de destino, em cada desfecho.
Porque amar alguém nem sempre significa ficar com ela até o fim. As vezes significa que você segue tua vida. E que mesmo doendo você segue vivo.
Ainda mais espantoso parar pra pensar que eu mesma já fui protagonista de uma história de amor que acabou assim....

Foi bem corajoso realmente. Mas foi ainda mais interessante perceber pela primeira vez, que histórias de amor na verdade são histórias de relacionamentos humanos. (Você pode até achar óbvio, mas já parou pra pensar nisso??)?
Relacionamentos humanos nem sempre dão certo pra sempre. Mas dão certo pelo tempo em que precisavam dar.

De qualquer forma, não quero enveredar por essa ótica. Não hoje.
Quero dizer apenas, que quando você se abre para que a dor seja sentida, seja ela uma mágoa, uma decepção, um rancor ou sei lá, você experencia seu próprio amadurecimento.

Relacionamentos são iguais em qualquer lugar, em qualquer língua, com absolutamente todo mundo. As vezes dá certo, as vezes dá errado. Mas depende única e exclusivamente do sentido que os envolvidos dão a ele.
Em algum momento o destino age. De alguma forma você saberá que algo deve ser feito. Você tem a escolha de deixar isso ser maior do que você ou infinitamente menor.

O que eu quero dizer é que nossas atitudes determinam onde chegaremos.
E eu fiquei pensando, quase desejando que minha vida fosse um filme assim, cheio de momentos engraçados, desencontros, definições.
Mas calma lá. E não é?
É. É sim. E pode ser melhor.

O que eu tenho de diferente de alguns personagens é essa ansiedade maluca que me deixa pirada.
A incapacidade de ter fé nas sementes que eu plantei e nos arranjos do destino.

O que eu aprendi? Renovei minha esperança de que o que for pra ser meu de verdade volta.
Talvez não agora, talvez não nessa vida (isso me deixou com medo na verdade), mas volta.
E no fim, tudo....absolutamente TUDO vai dar certo.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Sobre meu armário de roupas.

Comecei aquele estranho processo do desapego.
Não porque eu precise, não porque eu quero. Mas algumas coisas....sei lá....começaram a ser sentidas como uma necessidade urgente de "deixar ir"

Há alguns dias eu ouvi alguém me dizer: "Desapega Manuela. Se quer encarar uma situação como nova, precisa deixar o velho acabar"
Tá, não foram bem essas palavras que saíram da boca dele, mas foram mais ou menos assim que chegaram aos meus ouvidos.

Quando se ama muito algo ou alguém; quando uma situação está tão dentro de você que te faz parar de pensar direito, e não é correspondida em seus intentos, acredito que o melhor mesmo é deixar acabar. Só que não é uma tarefa fácil, tirar do nosso dia-a-dia, algo que foi tão você nos últimos tempos.

Confesso que eu sou boa nisso. Deve ser algum botão interno que eu acesso quando me concentro e que consegue reunir toda a disposição e força dentro de mim pra tomar decisões difíceis. E tem o lance de eu realmente me divertir a beça com o desconhecido.
Essa característica tão minha de me abrir pro novo e esse vício delicioso do frio na barriga de não saber o que vai acontecer em seguida, me levam a quase sempre aceitar o destino.

Nem sempre é fácil e rápido, preciso ser convencida na maioria das vezes, mas depois que se torna uma necessidade indiscutível...foi!
E a vida me convenceu muito bem.
E ainda convence, cada vez que não nos esbarramos, cada vez que essa ausência cresce, com o passar da horas, dos dias e do tempo.

Está se tornando divertido ficar sem você. E é aí que o processo do desapego começa.
Pequenas modificações diárias na conduta, na disposição dos móveis, no que eu vou fazer de almoço ou mesmo pra que lado eu viro na rua.
Vou mudando o que era comum, troco as músicas do meu pen drive, crio hobbies novos e novas amizades.

Ou faço o que estou fazendo agora. Tiro tudo do armário e reorganizo minhas roupas.

Putz!
Já estou no armário? Sério mesmo??
Então a "coisa" é mais certa do que eu imaginava.
E o processo de desapego mais sério do que eu poderia imaginar.

Fato

Pois é.
Agora é fato.
Distrato e refaço meu caminho.
Faço poesia.
Não faço rima porque não combina. Ou será que ainda dá?
Tudo de mais puro eu ofereci.
Amargo o que eu descobri.
(...)
Agora é fato.
Eu me refaço.


segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O tapa. A pelica.

Mulher sente falta de ter um namorado.

Entendo, mas namorado por namorado não basta...
Tem que ter ao lado um Homem que lhe traga paz...
Que faça com que se sinta amada, respeitada, e acima de tudo, que te faça rir.
Você não sente falta de um Namorado apenas...
Você quer uma Cia que faça a diferença no seu dia.
Que seja gentil fora da cama e engraçado por ser inteligente e sutil.

Uma Mulher como você deve ter um Homem que te faça perceber que as coisas passam, que momentos difíceis servem pra gente valorizar dias de folga, que faça você entender que relacionamento vive de encontros verdadeiros e carinhos involuntários.
Você é Mulher para se ter, pra ser amada, cuidada, compreendida.
Mulher pra ser valorizada por um Homem que traga segurança, beijo bom, abraço forte e orgasmos memoráveis!
Que faça você ter vontade de largar tudo no meio da tarde só pra ganhar um abraço...que faça você sentir falta do perfume que ele usa, que te faça rir ao lembrar da piada que ele contou durante o Jantar.
Sei que encontrar um Homem assim é mais difícil que ganhar na Loteria, mas é fato que esse é o Homem, o mínimo que você merece!
Não se envolva com quem é mais ou menos porque foi o que apareceu na sua vida... O que não é especial, não merece ter VOCÊ!!!"


Recebi de um bom amigo. Obrigada;
Tão verdade que me fez entender o que me custa enxergar.
Te amo Rafa.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Há uma hora

Estou há uma hora me olhando no espelho.
Tento caras e bocas pra ver qual me serve melhor. Nenhuma.
Fiz uma maquiagem leve, coloquei rímel e batom. E sigo me sentindo igual.
Nem mais bonita ou poderosa. Nem mais interessante ou interessada.

Acho que é por ai.
Nada disso muda quem eu sou neste momento.
O reflexo só mostra a mim. Inteira, lúcida, calma e desafiada.

Exatamente.
Foram turbilhões de sentimentos estas duas últimas semanas e eu me sinto como?? Desafiada!
Como se estivesse pronta pra encarar o fim dessa caminhada específica entre velhos padrões emocionais e o inédito.

Me sinto desafiada a ser melhor pra mim.  E isso implica em milhares de pequenos desapegos diários de sentimentos, posturas e privações. E isso está tão claro como água.

Não tem como dar as costas pra isto.
Não tem como negar essa urgência.
Me olho no espelho e sinto algo que nem sei se alguma vez eu senti: plenitude.
Em estar no corpo e na alma que me cabem. Nesta vida. Neste mundo. Neste breve espaço de tempo em que eu sou eu.

Nunca antes me senti tão bem. E estou assim há um pouco mais de uma hora.

O arrepio da saudade


Ao contrário do que muitos pensam, eu não sou romântica. Eu não gosto de situações melosas e não acredito em amor incondicional.

Ao contrário do que muitas vezes parece até pra mim mesma, eu sou fã de pés no chão e análises criteriosas de todo e qualquer sentimento vivido num relacionamento amoroso, tornando muitas vezes o momento chato e sem nenhum romantismo.

Mas nada me preparou para ouvir tua voz hoje. Nada passou pela minha cabeça que identificasse qualquer vestígio de amor ou saudade. Até o momento de discar teu número.
Mas veja bem! Você não atendeu e meu coração por um momento pode voltar a bater normalmente.

Mas daí você resolveu retornar, tal qual um sádico só pra fazer meu peito acelerar novamente e daí disse seu nome. E eu emudeci.

Há quanto tempo não ouvia tua voz?
Há quanto tempo não ouvia aquele timbre meio rouco, meio nervoso de quem parece que sempre está do outro lado da estrada tentando se fazer entender?
Há quanto tempo não ouvia o teu sotaque, o teu português.... A tua voz?

Bastou esses segundos de cumprimentos formais, depois choque, surpresa, rancor, alívio, até a aceitação de que era eu mesma no outro lado da linha...

E bastou isso para que todos os anos entre esta e a última vez se dissolvessem na tensão aparente da conversa e perdessem o sentido frente ao sentimento compartilhado de solidariedade.

Eu te amei ontem e certamente ainda amo. Possivelmente te amarei uma vida inteira e mesmo assim nada me preparou pra tomar conhecimento desse quê de romantismo clichê em que me vi envolvida...

Porque não importa quanto tempo passe, não importa o que tenha acontecido. O tempo não altera o que foi de verdade. Não muda o que foi real.
E você meu bem, foi a minha melhor realidade. A invenção do meu romantismo. A verdadeira parte de mim.
E esse arrepio de saudade me deixou mais perto de quem eu sou. De quem eu fui. E de quem eu ainda serei.