domingo, 12 de fevereiro de 2012

Verdade né?

Quem é que nunca teve um Marcelo, um Felipe, um Ricardo, um Júlio ou um
Alexandre na vida? Tudo bem, pode ser uma Juliana, uma Ana, uma Patrícia ou
uma Aline...

Paquerar é bom, mas chega uma hora que cansa! Cansa na hora que você
percebe que ter 10 pessoas ao mesmo tempo é o mesmo que não ter nenhuma, e
ter apenas uma, é o mesmo que possuir 10 ao mesmo tempo!

A "fila" anda, a coleção de "figurinhas" cresce, a conta de telefone é
sempre altíssima. Mas e ai? O que isso te acrescenta? Nessas horas sempre
surge aquela tradicional perguntinha: Por que aquela pessoa pela qual você
trocaria qualquer programa por um simples filme com pipoca abraçadinho no
sofá da sala não despenca logo na sua vida???

Se o tal "amor" é impontual e imprevisível que se dane! Não adianta: as
pessoas são impacientes! São e sempre vão ser! Tem gente que diz que não
é... "Eu não sou ansioso, as coisas acontecem quando tem que acontecer."

Mentira! Por dentro todo ser humano é igual: impaciente, sonhador,
iludido... Jura de pé junto que não, mas vive sempre em busca da famosa
cara metade! Pode dar o nome que quiser : amor, alma gêmea, par perfeito, a
outra metade da laranja... No fim dá tudo no mesmo. Pode soar brega,
cafona... Mas é a realidade. Inclusive o assunto "amor" é sempre
cafonérrimo.

Acredito que o status de cafona surgiu porque a grande maioria das pessoas
nunca teve a oportunidade de viver um grande amor. Poucas pessoas
experimentaram nesta vida a sensação de sonhar acordada, de dormir do lado
do telefone, de ter os olhos brilhando, de desfilar com aquele sorriso de
borboleta azul estampado no rosto... Não lembro se foi o "Wando" ou se foi
o "Reginaldo Rossi" que disse em uma entrevista que se a Marisa Monte não
tivesse optado pelo "Amor I love you" e que se o Caetano não tivesse dito
"Tô me sentindo muito sozinho.." eles não venderiam mais nenhum disco.

Não adianta, o publico gosta e vibra com o "brega". Não adianta tapar o sol
com a peneira. Por mais que você não admita: - Você ficou triste porque o
Leonardo di Caprio morreu em Titanic" e ficou feliz porque a Julia Roberts
e o Richard Gere acabaram juntos em "Uma Linda Mulher";

Existe pelo menos uma música sertaneja ou um "pagodinho" que te deixe com
dor de cotovelo;

Quando você está solteiro e vê um casal aos beijos e abraços no meio da rua
você sente a maior inveja;

Você já se pegou escrevendo o seu nome e o da pessoa pelo qual você esta
apaixonada no espelho embaçado do banheiro, ou num pedacinho de papel;

Você já se viu cantando o mantra "Toca telefone toca" em alguma das
sextas-feiras de sua vida, ou qualquer outro dia que seja;

Você já enfiou os pés pelas mãos alguma vez na vida e se atirou de cabeça
numa "relação" sem nem perceber que você mal conhecia a outra pessoa e que
com este seu jeito de agir ela te acharia um tremendo louco;

- Você, assim como nos contos de fada, sonha em escutar um dia o tal "E
foram felizes para sempre"
Bem , preciso continuar? Ok, acho que não...
Negue o quanto quiser, mas sei que já passou por isso, e se não passou, não
sabe o quanto esta perdendo....

"O problema de resistir a uma tentação é que você pode não ter uma segunda
chance"

"Falo a língua dos loucos, porque não conheço a mórbida coerência dos
lúcidos."


Luiz Fernando Veríssimo

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Os teus pés


Os teus pés
(Pablo Neruda)
“Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.

Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
a duplicada púrpura
dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos
que há pouco levantaram voo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.”


Qual a função dos nossos pés, senão nos levar na direção de nossos mais tresloucados sonhos?
Qual melhor função do que aquela de nos fazer correr ao encontro de alguém que nós nos enamoramos?
Ou ainda, nos sustentar firmes ao chão quando nossas pernas se esquecem de fazê-lo e tornam-se geléia à simples aparição do ser escolhido?

Sim. Nossos pés. Nossos queridos pés...

“E então, naquele momento ele percebeu que não podia estar mais encantado, do que estava de fato, por aquela morena que ele encontrou unicamente no passado e que deixou nele um misto de saudade e curiosidade.

As coisas são engraçadas. Assim mesmo. Os mesmos pés que aproximam dois seres, são os pés que se despedem e andam em direções opostas, levando consigo muitas probabilidades.

Para eles, levou o afastamento. Porque desde então nunca mais se encontraram. Seus pés não cruzaram as mesmas ruas, nem pisaram nas mesmas calçadas, mas de alguma forma, á uma boa distância, se tornavam iguais.

Sem querer, com o passar dos meses e das conversas furtivas por uma tela de computador, seus pés misteriosamente se completavam.
Se ela andava, ele andava também. Se doía, doía o dela também. Até que um dia um deles tropeçou e foi o outro que caiu ao chão.

O negócio é que não importou se foram pés, mãos ou corações, não importou como, nem onde, eles passaram a coexistir em um mundo só deles.O encantamento, o desejo e a curiosidade foi-se dividida entre duas pessoas, duas cidades, dois estados. Elevando-os ao mesmo pulsar de contentamento que recém apaixonados vivenciam.

E agora eles seguem na expectativa de deixar seu pés andarem, livres e certos, de que em alguma dessas esquinas, eles irão novamente se encontrar. Interessados, ávidos e completamente conscientes de seus caminhos.