quarta-feira, 18 de abril de 2012

Simplesmente Gatos


Simplesmente Gatos


Bichos polêmicos sem o querer, porque sábios, mas inquietantes, talvez por isso... nada é mais incômodo que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece. O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência. O gato não satisfaz as necessidades doentias do amor. Só as saudáveis.

Lembrei, então, de dizer, dos gatos, o que a observação de alguns anos me deu. Quem sabe, talvez, ocorra o milagre de iluminar um coração a eles fechado?

Quem sabe, entendendo-os melhor, estabelece-se um grau de compreensão, uma possibilidade de luz e vida onde há ódio e temor?

Quem sabe São Francisco de Assis não está por trás do Mago Merlin, soprando-me o artigo? Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula.
Gato não. Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele dependente, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso.

"Falso", porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor.

Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser.
O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio e espelho. O gato é zen. O gato é Tao. Ele conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer.

Exigente com quem ama, mas só depois de muito certificar-se. Não pede amor, mas se lhe dá, então ele exige. Sim, o gato não pede amor. Nem depende dele. Mas, quando o sente é capaz de amar muito. Discretamente, porém sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano mas se comporta como um lorde inglês.

Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério.

O gato não se relaciona com a aparência do homem. Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência.

Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende do afago. A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso, quando surge nele um ato de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado.

É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento. O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode (ele que enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós). Se há pessoas agressivas em torno ou carregadas de maus fluidos, ele se afasta.

Nada diz, não reclama. Afasta-se. Quem não o sabe "ler" pensa que "ele não está ali. Presente ou ausente, ele ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, ele está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir. O gato vê mais e vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluidos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente a nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério. O gato é um monge portátil à disposição de quem o saiba perceber.

Monge, sim, refinado, silencioso, meditativo e sábio monge, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado. O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante, à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e de novas inter-relações, infinitas, entre as coisas. O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precise de promoção ou explicação, quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato!

Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga. Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo ( quase 15 minutos) se aquecendo para entrar em campo. O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, a qual ama e preserva como a um templo. Lição de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio.Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, com o escuro, com a sombra. Lição de religiosidade sem ícones.
ão de alimentação e requinte. Lição de bom gosto e senso de oportunidade. Lição de vida, enfim, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências, sem exigências. O gato é uma chance de interiorização e sabedoria posta pelo mistério à disposição do homem.


Artur da Távola

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O amor pode ser a melhor coisa do mundo.


Aos que já encontraram um grande amor, digo que é muito fácil perder a admiração e o ar de fantasia com o tempo… Aquele vulcão da conquista e das descobertas amorosas pode dar lugar a um lago tranqüilo e às vezes até monótono.

Mas o amor é o caminho entre o vulcão e o lago mesmo, tanto faz em que direção você queira ir o importante é não parar de andar de mãos dadas. O príncipe às vezes pode virar um sapo e a cinderela voltar pra casa com uma abóbora ao invés da carruagem, mas vai depender do trabalho árduo e dedicado dos dois outrora intensos amantes a conquista e a reconquista diária da fantasia inicial, do vulcão e dos momentos de perder o fôlego.

Há coisas muito interessantes tanto no vulcão como no lago, o gostoso não é estar lá ou aqui, o bom e prazeroso é o esforço correspondido para continuar a caminhar juntos. Em outras palavras, não se permita perder a capacidade de se surpreender com a pessoa amada mesmo nas coisas mais corriqueiras e normais!

Encontrar alguém que queira andar de mãos dadas com a gente e queira espontaneamente dar este mesmo amor sem medidas é um presente de Deus a ser valorizado e agradecido todos os dias.

Os que ainda não encontraram… alguns conselhos: ame primeiro a você, cuide-se, enfeite-se, curta-se, valorize-se, encontre o prazer da auto-suficiência de não precisar de nada além de você mesmo para se sentir uma pessoa amável , aprenda a não ter medo de se amar e investir em projetos pessoais.
Em segundo lugar, seja menos exigente com você e principalmente com quem se propõe a amá-lo(a), não existe amante perfeito, nem mesmo você conseguiria sê-lo.

Então, não digo que você deva se conformar cegamente com o que conseguiu [ou não] até aqui, como se você não fosse capaz de encontrar algo melhor, mas não inicie sua procura buscando alguém ou um amor à sua altura, pode ser decepcionante.

Para falar a verdade, nem procure! Deixe o amor surgir naturalmente! Por fim, não fique medindo ou comparando sensações, não avalie a importância de alguém na sua vida pela sensação que ela lhe causa, mas pelo bem que ela pode provocar.

Resumindo… Apenas se abra sem medo ao amor. O resultado da descoberta só vem com o tempo. Sim! É um risco!

O Deus que criou o amor te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!