quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Indubitavelmente

"Eu não posso esperar para descobrir o que há de errado comigo. Então eu posso dizer, esta é a maneira que eu costumava ser..." (John Mayer)

Eu mudei.
Inegavelmente...MUDEI!
Eu já vinha sentindo (há algum tempo) que amadurecer era o único caminho que eu tinha a minha frente. Não havia como escapar de olhar pra dentro de mim e simplesmente MUDAR.

No começo a gente reluta. Quer acreditar que o mais fácil é o certo. Que o costumeiro é o que nos cabe. Só que quando você percebe você mesmo, o que era fácil se torna transtorno. O que era certo não se encaixa mais.

Eu mudei pra mim. Por mim. Cansei de perder tempo tentando entender o que o mundo queria de mim. E passei a tentar entender o que eu queria do mundo. E quando me dei conta, vi que meu querer não tinha voz, estava esquecido, subjulgado ás aparências de uma vida encaixada. Mas não estava encaixada. Não estava correta.


""Tudo o que você precisa é amor" é uma mentira porque nós tínhamos um amor, mas ainda assim dissemos adeus.
Agora estamos esgotados."


No começo tive muito medo. Fiz meu melhor para entender. Mas chega um momento, tal qual uma onda, que o querer é mais forte e o amadurecer é realmente inevitável.
Eu, você, tentamos.
Fizemos nossa parte.
Mas tentar nem sempre é garantia de sucesso e para nós, o sucesso esperado veio modificado.
Nos tornamos pessoas melhores com a tentativa, mas eu indubitavelmente me tornei diferente.

Não quero mais as mesmas coisas que queria há um tempo atrás.
Não sinto mais o que eu sentia quando pensava em nós dois.
Não cabe mais em mim, a fantasia da nossa relação porque tudo, tudo está diferente...Diferente no meu olhar, no meu mundo e não nos cabe intervir,não nos é dado o poder de ignorar e modificar o que já se transformou.
Gosto de você. Gosto do homem que és.
Mas eu mudei o meu querer, mudei as minhas aspirações. E por mais que eu quisesse explicar, não há como. É algo sentido, algo permanente. Algo maior que nós dois. Maior que eu mesma.

Eu mudei.
Me desencaixei.
E me libertei. Me tornei livre para mim, para minhas novas aspirações.

Tenho necessidades emocionais diferentes agora. E as respeito. E as compreendo.
Porque o caminho que está a frente é só meu. Nos separamos no breve espaço da tentativa. Onde descobrimos que tentar é preciso para esclarecer o que mudou.

E mudou. Indubitavelmente.

(In) Certezas

"Aonde fica a saída?", Perguntou Alice ao gato que ria.
"Depende", respondeu o gato.
"De quê?", replicou Alice;
"Depende de para onde você quer ir..."
(Alice no País das Maravilhas)


E o pior de tudo é que eu não sei exatamente para onde quero ir....Só tenho certeza do que não cabe mais no espaço de mim...
Daquilo que não quero mais, que não me serve mais, que não me faz ser melhor...

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Solução

Faz tempo que não escrevo no meu blog.
faz tempo que não crio, que não ouso.

Meu blog está realmente abandonado...

Mas não é porque eu não queira escrever. É que acontece algo muito engraçado comigo... Quando as idéias aparecem, quando sinto tudo se formando na minha cabeça, eu geralmente estou sem papel. Ou pior, estou dirigindo, almoçando ou fazendo qualquer coisa que me impossibilita de parar e escrever.

Isso é uma droga.
Solução??? Tenho sim!
Comprar um gravador! Isso!! Comprar um gravador portátil para eu gravar minhas idéias, pensamentos ou meramente qualquer texto que brota da minha mente.

Por exepmlo, esses dias criei um texto tri engraçado sobre aqueles adesivos de família que as pessoas colam na traseira do carro. Estava eu viajando quando me deparo com uma sequência hilária de bonequinhos...

Pois é, aquela crônica foi boa. Mas ficou só pra mim, perdida nos meus devaneios automobilísticos...Só eu ouvi minha idéia engraçada...

Preciso organizar isso....Tenho certeza que assim meu blog amado não estaria tão as moscas...

Até mais!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Doce Misterio

O que eu posso falar sobre mim no dia de hoje??
Posso dizer coisas simples.
Posso contar meus segredos, meus mistérios.
Posso te dizer quem eu prefiro ao meu lado.

Meu tipo preferido de gente é aquele que espirra engraçado, que ri com a mão na barriga, que canta e dança qualquer música.

Aquele tipo de gente que tropeça e finge que tá correndo, que sai de pijama na rua, que acorda rindo.
Gente que não planeja tudo.

Gente que pede licença, que diz “obrigado”, que pede desculpas, que chora assistindo filme.
Aquele tipo de gente que é muito sincera, mas sabe quando e como falar, aquele que conversa olhando nos olhos.

Aquela gente que diz que te ama, que mexe no cabelo dos outros, que lê as coisas no elevador, que conta piada, que joga conversa fora, que te organiza uma festa surpresa, um almoço ou um jantar surpresa…

Aquele tipo de gente que te faz sorrir, que te faz sentir importante, que se importa. Aquele tipo de gente que não tem vergonha de ser feliz.
Gente que gosta de gente.

No final das contas,tem muitos desses na minha vida!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Vista Cansada

"Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.

Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença."

Por: Otto Lara Resende
Texto publicado no jornal “Folha de S. Paulo”, edição de 23 de fevereiro de 1992