sábado, 8 de março de 2008

A dor como afrodisíaco

A DOR COMO AFRODISÍACO

O cara atende todas as suas vontades. Vive
ligando, gravando fitas, chamando para uns programas
bacanas e dizendo tudo aquilo que é muito bem-vindo: te
adoro, te acho linda, não me imagino longe de ti. Está
tudo muito bem, mas seu coração continua batendo
devagar. Aí surge outro cara.
Ele fica com você um dia e desaparece no outro.
Telefona num sábado e some no domingo. Diz que curte
você mas quer aproveitar a vida. Você escuta, então, um
barulho que parece a bateria da escola de samba da
Imperatriz Leopoldinense invadindo seu quarto, mas é seu
coração. Dá para ouvi-lo bater daqui. Que raio de
mecanismo é esse que faz com que a gente se ligue em
quem não nos dá bola? Não é prerrogativa feminina, vale
para ambos os sexos. Conheço muito cara que lambe o chão
que pisa a menina que faz jogo duro. Será que, ainda não
caducou aquela regra que diz que homens e mulheres
difíceis é que são valorizados?
Eu estou com o Jota Quest: um dia feliz às vezes é
muito raro, então vamos saudar tudo o que for
extremamente fácil. Que bom poder amar e ser amado na
mesma sintonia e com a mesma intensidade. Xô,
dificuldade.
Pena que o ser humano é extremamente difícil.
Cultivamos um lado
masoquista que se revela quando menos precisamos dele.
Temos uma necessidade congênita de enfrentar desafios.
A conquista
nos interessa mais que a vitória. Nem pensar em sair do
jogo. A gente não sossega enquanto aquele idiota não
perceber o quanto somos maravilhosas e indispensáveis.
Quando ele (ou ela) finalmente descobrir que está
apaixonado por nós e se entregar, aí sim poderemos
relaxar. E partir pra outra.
Essa é a má notícia: sofrer por amor é
afrodisíaco. Agora a boa notícia: afrodisíaco para
adolescentes. Como ninguém estaciona nos 17 anos, a
tendência é mais tarde, com mais experiência de vida e
menos tempo a perder, homens e mulheres passarem a se
valorizar mais e a querer ao seu lado só aqueles que
estão dispostos a compartilhar bons momentos. É claro
que a maturidade também tem uma quedinha por desafios,
mas a auto-estima impede que esta quedinha, que é até
saudável, se transforme num problema crônico de
relacionamento. Em vez de complicar a própria vida, é
bem mais fácil, extremamente fácil, lembrar do seguinte:
quem não te quer, não te merece.

MARTHA MEDEIROS

Um comentário:

  1. E aí Maria Manuela (não aprendi a te chamar de outro jeito ainda)

    Muito legal esse texto, realmente as coisas acabam sendo sempre assim... Sempre tem que rolar aquele "joguinho", fingir que não se está tão a fim, porque se a outra pessoa percebe que você está, sim, muito interessado... já era...

    tomara que não seja sempre assim e uma hora a gente consiga achar uma pessoa que tenha sentimentos proporcionais ao nosso...

    beijãoooo!!

    PS: ainda não sei se vou pra Porto Alegre... quando decidir aviso..

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