terça-feira, 9 de outubro de 2007

Fome de Amor!



Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem,
o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem
dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara
todos os dias. Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez
mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos,
chegam sozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que
estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem
mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos
personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido
fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem
necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta
olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão
"apenas dormirem abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa
marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a
carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados
por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada
dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos
ORKUT, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu
sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!" Unindo
milhares ou melhor milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos
cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis. Vivemos
cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais
belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas
pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que
verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa
verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em
dia é feio, démodé, brega. Alô gente! Felicidade, amor, todas essas
emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí?
Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando
bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser
feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito
brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais
volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a
dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um
problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra
quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o
dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser
Estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out,
que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me
aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora
ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se
eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo
resto da vida".
Antes idiota que infeliz !

(Arnaldo Jabor) -

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