quarta-feira, 30 de março de 2011

Meu outono particular


Conflituosos não são os pensamentos de quem tem dúvidas, mas sim daquele que duvida.

Quem tem dúvidas, teme por aquilo que deseja. Quem duvida não crê.

Quem tem dúvidas, pensa nas possibilidades e as mede. Quem duvida sequer credita sua confiança a outrem.

Quem tem dúvidas, faz escolhas e geralmente acerta. Quem duvida, já escolheu e geralmente se arrepende.

Na carta que recebi não encontrei alguém que teve dúvidas em sua vida. Enxerguei alguém que duvidou do caminho que tinha a sua frente.

Não sei se posso compreender os sentimentos que tenho em relação a ti, ou sequer expressá-los em palavras ou gestos.
Tento incansavelmente me desprender das estações que acometem minha alma, pois delas tenho os extremos que me afogam e me remetem ao eterno desequilíbrio de nossas vidas juntas.

Ou vivo um rigoroso inverno, que congela meus sonhos e transforma em dor tudo o que deveria me confortar ou sofro com as altas temperaturas e os vendavais constantes dos verões que assomam a racionalidade de nossas conversas.

Os extremos que nos acostumamos a viver se reflete em cada palavra daquelas linhas escritas por tuas mãos e talvez carregadas de teu sentimento.

Mas tentei em vão procurar ali, a ponderação da primavera que faz brotar os novos frutos do futuro, que desabrocham em um dia calmo de sol e se quer vi a tranquilidade do outono que despeja nas calçadas tudo aquilo que não serve mais, para então se transformar em alimento para a esperança.
Não vi o tom sereno do amor e da certeza que vivemos aquilo que desejamos pra nós.

Concordar com o caminho de nossa vida é tão sábio quanto escolhê-lo.

Simplesmente esperar a morte das coisas e dos sentimentos para então entendê-los e valorizá-los, não te faz merecedor das dúvidas.

Conflituoso é tudo aquilo que você vive.
Conflituosas são as estações que você revive todas as vezes que eu busco novas primaveras e repetitivos outonos.
Não faço parte de teus solstícios.

Não faço mais.

E tento esperar calmamente o momento em que você deixará isso ir adiante.

Recebendo cartas, chorando baixinho.
Mas com uma certeza: As folhas desse outono não cairão mais pra você.

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