domingo, 13 de março de 2011

Só uns pensamentos....



Meu pai sempre me disse que hoje em dias as pessoas se importam mais com que as pessoas TÊM, do que pelo o que as pessoas SÃO.

É uma constatação triste, mas inegavelmente correta.

Tenho refletido sobre isso já há algum tempo, refletido sobre a educação que tive, sobre o que aprendi no percurso da minha vida e principalmente sobre o que aproveitei disso tudo pra formar a pessoa que tento ser hoje.

Sempre fui alguém extremamente responsável e nesses últimos 8 anos em que compreendo minha vida adulta passei por tanta coisa, por tanta provação, tantas alegrias e tantos sofrimentos que só podia sair modificada.

Não que meu processo evolutivo tenha findado, mas cheguei em um momento da minha vida que preciso me destituir de algumas coisas e somar outras.
Impossível passar por esse pequeno momento da minha vida e não modificar. Modificar coisas profundas em mim, e outras coisas nem tão necessárias mas que, com a maré podem (e irão) se incluir...

Ok. Se eu olhar pra trás percebo claramente do que abri mão pra poder TER as coisas que almejei, ou que no mínimo almejaram pra mim.
Sim, porque talvez eu tenha vivido um pouco esses últimos anos à sombra do que meus pais desejavam pra mim...Meu sucesso profissional, meu sucesso financeiro...essas coisas sobre ter...

Ter uma carreira, ter meu apartamento, ter meu carro do ano, ter um nome para se orgulhar.

Não vou dizer que isso não seja bacana. Não vou ousar falar que não comprei essa idéia e não a persegui com afinco. Mas agora chegou um momento que, com todas essas coisas encaminhadas, eu tenho buscado outro sucesso.
Tenho buscado o crescimento, o amadurecimento do SER.

Se o mundo vai me valorizar pelas coisas que eu tenho, eu entro na contra-mão da sociedade para tentar ser valorizada pela pessoa que SOU.
Sim, porque pra mim nesse momento (e espero que seja assim pra sempre) só me interessa o meu cerne, meu espírito, minhas atitudes, meu caráter.

Hoje percebo claramente que ter nada mais é do que uma consequência de quem você é. Definitivamente.

Cheguei aos meus 27 anos e percebi que o que eu sonhava e esperava ter/ser com essa idade, tudo o que eu queria para os meus 27 anos....eu não tenho/sou.
Você consegue imaginar isso??

Quando me dei conta disso me encontrei despedaçada pela frustração de me sentir perdedora. E acredito que não tenho/sou, não porque não mereça. Mas porque esqueci de buscar.

Não sou uma pessoa ruim. Longe disso.
Não deixei de ser antes de ter.
Não.

Mas esperei que viesse a mim uma situação hipotética, tipo um príncipe encantado que alguém disse pra mim que era o melhor. O mais aceitável.


Mas o que é o melhor pra mim?
Olho para um tempo um pouco menor do que 8 anos.
Olho para os últimos 3 somente.
Nos 3 anos que abdiquei da felicidade saudável para viver momentos fulgazes que eu achava que era tudo o que eu merecia.

Não vou esmiuçar o fundo dessa questão (isso cabe a mim e ao meu terapeuta) mas pareceu que eu quis me punir. Que eu quis sofrer e me esquecer de quem eu sou para ser e agradar pessoas que nem sequer se interessavam pelo melhor de mim.
Triste.
Real.
Incrivelmente necessário para crescer.

Eu já não sabia quem eu era. Eu me acostumei com quem não era. Entende?
Só achei que daquele jeito eu tinha um lugar na sociedade que parecesse decente pra mim.

Quando tudo começou a mudar, quando as coisas mudaram de forma eu me lembrei de quem EU QUERIA SER.
E por isso, SER alguém de valor me interessa tanto agora.
Porque pessoas que simplesmente TEM muitas vezes nem sequer são. Não são felizes, não são sonhadores, não são familia. Amor, que não dá pra comprar, vira algo inexistente.
Respeito? Bah...isso nem passa pela cabeça.

Porque isso não vem do exclusivo "TER".
Amor, respeito, admiração, caráter...vem de berço. Vem do que você é.
Vem do lugar onde você aprendeu o valor das coisas. Não o preço delas.

E isso são só uns pensamentos que amadureci para voltar a ser alguém que busca o SER muito antes do TER.
Que busca a alegria de ver o mundo com os olhos do amor, da admiração e daquela sensação gostosa de borboletas no estômago.

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