sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O arrepio da saudade


Ao contrário do que muitos pensam, eu não sou romântica. Eu não gosto de situações melosas e não acredito em amor incondicional.

Ao contrário do que muitas vezes parece até pra mim mesma, eu sou fã de pés no chão e análises criteriosas de todo e qualquer sentimento vivido num relacionamento amoroso, tornando muitas vezes o momento chato e sem nenhum romantismo.

Mas nada me preparou para ouvir tua voz hoje. Nada passou pela minha cabeça que identificasse qualquer vestígio de amor ou saudade. Até o momento de discar teu número.
Mas veja bem! Você não atendeu e meu coração por um momento pode voltar a bater normalmente.

Mas daí você resolveu retornar, tal qual um sádico só pra fazer meu peito acelerar novamente e daí disse seu nome. E eu emudeci.

Há quanto tempo não ouvia tua voz?
Há quanto tempo não ouvia aquele timbre meio rouco, meio nervoso de quem parece que sempre está do outro lado da estrada tentando se fazer entender?
Há quanto tempo não ouvia o teu sotaque, o teu português.... A tua voz?

Bastou esses segundos de cumprimentos formais, depois choque, surpresa, rancor, alívio, até a aceitação de que era eu mesma no outro lado da linha...

E bastou isso para que todos os anos entre esta e a última vez se dissolvessem na tensão aparente da conversa e perdessem o sentido frente ao sentimento compartilhado de solidariedade.

Eu te amei ontem e certamente ainda amo. Possivelmente te amarei uma vida inteira e mesmo assim nada me preparou pra tomar conhecimento desse quê de romantismo clichê em que me vi envolvida...

Porque não importa quanto tempo passe, não importa o que tenha acontecido. O tempo não altera o que foi de verdade. Não muda o que foi real.
E você meu bem, foi a minha melhor realidade. A invenção do meu romantismo. A verdadeira parte de mim.
E esse arrepio de saudade me deixou mais perto de quem eu sou. De quem eu fui. E de quem eu ainda serei.

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